Não sei se é loucura ou o que, mas naqueles dias eu ainda te dava boa noite quando ia me deitar achando que iria escutar a sua voz. E quando abria meu olhos ao acordar virava pro lado e imaginava você ali, com aquela cara de bobo dormindo do meu lado. Aquela respiração tranqüila. Sentia ciúmes até dos teus sonhos, dos teus pensamentos. Daquela expressão sem preocupação. A cada dia que passava tentava segurar a sua mão novamente. Como quando você sempre fazia. Eu me atrasava e você parava e estendia a sua mão pra te acompanhar. Segurava ela firme, sempre quentes. Me dando conforto e certeza que estava indo pro caminho certo, mesmo que cegamente, mas estava do seu lado, isso já me bastava.
O jeito que me olhava, que mexia no meu cabelo, que segurava o meu rosto. Todos os toques, sentidos, aromas. Tudo que tinha em você, tudo que eu ainda consigo recordar de você. Não que eu tento te esquecer, mas é doloroso recordar. Nem tudo que queriamos foi concretizado. Mas isso não é culpa de ninguém. Não há culpa, nem remorso ou muito menos arrependimento. A vida fez com que mudassemos. As certezas se tornaram incertas. As verdades, mentiras. A felicidade, lembranças. E as lembranças, lágrimas.
O vento ainda traz as palavras que você sussurrava. Ele também leva meus pensamentos e desejos pra junto de ti. Não sei se sentes, mas eu ainda sinto. Talvez somente a pura imaginação. Talvez eu queira que seja somente minha imaginação.
Ainda existem dias em que te desejo muito. Noites em que te quero. Pensamentos em que você reside. Nem tudo continua sendo perfeito como era antes. A perfeição que não existia.
Amanhã vai ser mais um dia em que talvez eu imagine você aqui. Mais uma tarde que escuto sua voz, uma noite que passamos juntos e uma manhã que acordo sem você.
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